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sexta-feira, 20 de abril de 2012

    "Deus lhe deu um presente de 86.400 segundos.  

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 Conversas e lutas com Deus 

 

 

Em um dos meus livros, “O Monte Cinco”, o personagem principal rebela-se contra os desígnios de Deus, e não quer mais escutá-Lo. Inspirei-me em uma passagem bíblica, quando Jacó luta com
Deus dentro de uma tenda, e só o deixa partir depois que Ele o abençoa. Da mesma maneira que um jovem sadio precisa ter uma dose de rebelião necessária para enfrentar-se com seus pais e impor sua Lenda Pessoal, Deus também deseja que exerçamos, a cada minuto de nossas vidas, o poder de nossas decisões.
É muito fácil ficar transferindo a responsabilidade para os outros (e para Ele), só para depois culparmos o mundo pela injustiça a nossa volta, e o fracasso dentro de nós. Mas aonde isto nos leva? A lugar nenhum.
Deus nos escuta. Deus nos leva a sério. Vale a pena relembrar aqui um outro episódio bíblico onde esta faculdade está claramente descrita: No livro do Gênesis (18:22-33), o Todo Poderoso resolve avisar a Abraão que irá destruir Sodoma e Gomorra. Abraão não aceita: por que os inocentes devem ser sacrificados junto com os pecadores?
Abraão vai mais além. Diz: “Como ousa o Senhor fazer tal coisa, matar o justo junto com o ímpio?” E exige que Deus se comprometa a não destruir a cidade, se ali viverem cinqüenta justos.
Deus se compromete. Abraão começa a barganhar, dizendo que seria absurdo, caso faltassem apenas cinco para formar cinqüenta justos, que Ele tomasse tal decisão. Deus aceita não destruir a cidade se ali viverem quarenta e cinco justos , ou trinta, ou vinte, ou dez... Deus aceita cada um dos argumentos de Abraão, e vai prometendo mudar de idéia.
Sabemos que, na Bíblia, Deus termina destruindo Sodoma e Gomorra, salvando apenas uma família. Mas, antes de tomar esta decisão, Ele estava aberto ao diálogo.
Temer a Deus não significa ter medo de Deus. Deus está muito mais aberto para uma conversa do que imaginamos; é só começar o diálogo, e ficaremos surpresos com os resultados.
Paulo Coelho

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