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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quando a dor nos visitar:

O que faz doer nem sempre
tem causa aparente.
Dor é um acontecimento sem datas.

Prolonga-se no tempo

e contraria todas as regras
dos argumentos.

Eu não sei o que dói.

Eu não sei quando começou doer.
O que sei é que a dor é a identificação
mais profunda da condição humana.

Dela é que nasce

a expressão do cuidado.

A dor sinaliza que algo

precisa ser curado,
que algo carece de presença,
olhar atento e esforço redobrado.

Dores são diversas.

São físicas, emocionais,
psíquicas.

Dores de toda hora,

de vez em quando,
ao cair da tarde,
com o chegar das primeiras
estrelas ou com os
primeiros raios de sol.

Dores não conhecem o tempo.

Chegam quando querem.
Elas se acomodam nos
cantos da alma,
nos centros das carnes e ficam.

Os que já sofreram muitas

dores aprenderam a
lidar com elas.
Elas amadurecem.

Eu tenho um amigo travando

uma luta ferrenha com essas
visitantes estranhas.
Os olhos brilhavam um pouco mais.
O sorriso que lhe é tão próprio
não se desfez em nenhum momento,
mas apenas cedeu lugar para
uma forma mais sublime de sorrir.

Era a dor chegando com

sua lousa e giz,
pronta pra ensinar.

Ele tem sabido aprender.

Tenho orgulho do meu amigo e sei,
que mais cedo ou mais tarde,
eu receberei as lições desse aprendizado.
Sofri com ele, mas de longe.
Não posso ficar ao lado.
Eu experimento a dor à distância.
Experimento a dor que tem sido minha,
e que de alguma forma é
a dele também.

Dores criam esquinas inesperadas.


Não sabemos dar nome ao

que nos faz sofrer,
soframos abraçados aos que
nos amam de verdade. 
Autor:Padre Fábio de Melo

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