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sexta-feira, 15 de abril de 2011


Mensagem do homem triste 


Passaste por mim com simpatia, mas quando me
viste os olhos parados, indagaste em silêncio
por que vagueio na rua.
Talvez por isso estugaste o passo e, embora te
quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.
É possível tenhas suposto que desisti do trabalho,
no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina em oficina.... Muitos disseram que ultrapassei a idade
para ganhar dignamente o pão, como se a madureza
do corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissão.
Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrine, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor...Crê, porém, que
nem de leve me passou pela mente a idéia do furto, apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome,
quando retorno à casa.
Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse encostado ao poste; afastaram-se todas,
com manifesto desprezo, contudo, não tive
coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento há três dias...
A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar
apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do
Cristo que dizemos amar, peço me restituas
a esperança, a fim de que eu possa honrar, com
alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão.
Meimei

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